Ninguém duvida que nossa vida é uma loucura. Nosso tempo é extremamente confuso. Ninguém se entende, e o consumismo afasta as possibilidades de pensar corretamente. O nível de nossos políticos é apenas um reflexo da sociedade que nos tornamos.
Comecei estas considerações quando, ao sair esta noite para comer alguma coisa no shopphing, soube que falecera uma de minhas vizinhas. Seu marido me dissera há algumas semanas que ela passara por uma cirurgia na coluna: “Estava com algumas dores, não muitas, mas como o nosso seguro permitia a cirurgia sem nenhum gasto adicional, ela resolveu fazer”. Morreu por complicações da cirurgia. Aí está, algumas pessoas morrem por falta de seguro saúde, outras por excesso de seguro saúde. Acredito que a Sra. Warshaw tinha uns 75 anos, mas estava muito bem, sempre andando rápido, perguntando por minhas fotografias quando nos encontrávamos no elevador. Poderia ter vivido mais alguns anos se não tivesse seguro saúde.
Pois bem, quando a Sra. Warshaw nasceu, ninguém faria uma cirurgia se não necessitasse realmente. E tantos outros milhares de costumes, tecnologias, crenças, e situações mudaram nesses 75 anos. Vivemos mudanças radicais em poucas décadas. A velocidade das coisas é atômica. As pessoas querem viver alucinadamente, de qualquer forma, querem experimentar de tudo. Éramos pobres, depois éramos ricos, depois éramos atrasados, depois adiantados, depois cafonas, depois sofisticados. Uma roda-viva excitante mas estultificante. Tem jovem de 18 anos aplicando Botox, tomando Viagra, fazendo operações plásticas seguidas.
Um dos adolescentes que participou da matança de Columbine escreveu no seu diário: “Não existe mais nada, meus pais são tão perdidos quanto meus avós, não vejo soluções para a vida”. Impressionou-me o desespero. A negação da vida porque não há soluções à vista. A procura da morte própria e dos outros porque a morte é inevitável. Faltou a procura de soluções.
À essa transitoriedade inevitável Buda deu uma outra resposta. Uma resposta positiva, sem partir para ilusões, deuses nem fórmulas mágicas. Ele foi procurar respostas em si, na sua mente, pelo afastamento das ilusões mentais e procurando ver as coisas como as coisas realmente são. Essa busca levou-o a insights sobre o macro universo e o micro universo que só agora estão sendo confirmados pela ciência. O paralelo entre a cosmologia budista e a ciência moderna impressiona.
Enquanto os gregos postulavam que os átomos eram eternos porque indivisíveis, Buda ensinava que tudo que é corpóreo é impermanente porque constituído de fenômenos tão minúsculos em duração quanto no espaço – o que hoje é confirmado no osciloscópio dos cientistas.
À teoria do big-bang de George Gamow, se opõe a teoria de que nada mudou de Fred Hoyle. As últimas descobertas de Monte Palomar ficam no meio e indicam que o universo se expande e se contrai, ad infinitum, o que confirma a cosmologia budista.
Não é, porém, a confirmação científica das descobertas de Buda que responde mais diretamente para o homem de hoje a questão da transitoriedade, mas as técnicas que ele nos ensinou para que a gente consiga viver o momento, através do conhecimento próprio, o Zen, e alcançar o Nirvana, que nada mais é do que ser feliz nessa vida, conhecer-se, ser centrado. Esses ensinamentos ele nos deixou.
O Zen nada mais é do que a experiência direta das verdades que Buda conseguiu ele mesmo descobrir.
A não ser que queiramos continuar nessa confusão mental que nos enlouquece, não há outra saída para a gente a não ser esta.
Este é o caminho.
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