segunda-feira, 24 de maio de 2010

O discurso que não cola.


        O que mais desconcerta e irrita as pessoas é tentar um discurso e este desmoronar diante dos fatos. Tentar colar em outrem suas deficiências raramente tem um final feliz. Alimentar a ilusão de que podemos fazer as maiores asneiras e culpar a pessoa ao lado é cair no descrédito cedo ou tarde.
O que aconteceu comigo foi a tentativa de justificar minhas confusões financeiras com desculpa que minha família tinha gastos excessivos. Talvez!
Eu trabalhava errado e gastava nas viagens mais do que ganhava em comissões na vã esperança de que tudo melhoraria com o tempo. Deixei de tomar a atitude correta de mudar de profissão com ganhos menores e gastos menores culpando minha esposa pelos gastos domésticos que considerava exorbitantes. E deu no que deu. Abateu-se sobre mim um sentimento de vergonha e impotência para a retomada de minha vida normal.
Culpa e vergonha são sentimentos diferentes, mas atrelados entre si. Lendo sobre o assunto descobri esta explicação:

“Para Lewis (1993,p.569), a culpa é um estado emocional que ocorre quando o indivíduo avalia negativamente seu comportamento, mas pode se ver livre deste sentimento se realizar uma ação que repare a ação negativa. Já a vergonha não é produzida por nenhum evento específico, mas pela interpretação que o indivíduo faz de uma situação, e por isso, uma vez que o sujeito sente vergonha, não é possível reverter o sentimento.”

Ao transferir para os outros nossas deficiências guardamos dentro de si o sentimento de culpa por nossas irresponsabilidades. Somente com ajuda profissional eu me libertei desta aparentemente  tranqüilidade de culpar os outros. Aparente porque só funciona com o publico externo. Não resiste a poucas horas de meditação.
O processo de reparar minha culpa ainda está longe do fim, mas o que traz um pouco de alento é que ele existe como meta de vida. Minha vergonha não tem reversão. Somente sofrendo os efeitos danosos das criticas que surgem e virão é que posso aplacá-la um pouco. 

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