Três anos depois, em 1982, Gil gravou “Drão” e musicalmente se redimiu porque a música tem uma letra belíssima. Mas quem danado era Drão? Apelido de alguma amante? Um sapatão? A própria letra da música foi me dando algumas respostas:
“Drão,
o amor da gente é como um grão,
uma semente de ilusão,
o amor da gente é como um grão,
uma semente de ilusão,
tem que morrer pra germinar,
plantar nalgum lugar,
ressuscitar no chão
nossa semeadura!
Quem poderá fazer
aquele amor morrer?
Nossa caminha dura!
plantar nalgum lugar,
ressuscitar no chão
nossa semeadura!
Quem poderá fazer
aquele amor morrer?
Nossa caminha dura!
Dura caminhada
pela estrada escura.
Drão,
não pense na separação,
não despedace o coração,
pela estrada escura.
Drão,
não pense na separação,
não despedace o coração,
o verdadeiro amor é vão,
estende-se, infinito,
imenso monolito,
nossa arquitetura.
Quem poderá fazer
aquele amor morrer?
Nossa caminha dura!
estende-se, infinito,
imenso monolito,
nossa arquitetura.
Quem poderá fazer
aquele amor morrer?
Nossa caminha dura!
Cama de tatame
pela vida afora…
Drão,
os meninos são todos sãos,
os pecados são todos meus,
pela vida afora…
Drão,
os meninos são todos sãos,
os pecados são todos meus,
Deus sabe a minha confissão,
não há o que perdoar
por isso mesmo é que há
de haver mais compaixão!
Quem poderá fazer
aquele amor morrer,
se o amor é como um grão:
não há o que perdoar
por isso mesmo é que há
de haver mais compaixão!
Quem poderá fazer
aquele amor morrer,
se o amor é como um grão:
morre, nasce trigo,
vive, e morre pão!
Drão”.
(Gilberto Gil)
vive, e morre pão!
Drão”.
(Gilberto Gil)
Fui guardando as interrogações na cabeça até que há uns três anos fui pesquisar pra esclarecer a mim mesmo a real motivação dessa música. O resultado dessa pesquisa foi surpreendente.
Na verdade, “Drão”, é uma história de amor, ou melhor, de uma separação. Contando-a, eu me transformo, sem querer, em advogado do nosso ex-ministro da Cultura, pra lhe salvar da burrice de gente como eu que não entende, às vezes, um poeta tão profundo!
Vamos aos fatos. A terceira mulher de Gil se chamava Sandra, apelidada desde menina de Sandrão, depois Drão. O porquê do apelido eu não sei. Os dois foram casados por 17 anos e tiveram três filhos: Pedro (músico, morto em acidente), Maria e Preta. Hoje, aos 55 anos, Sandra mora no Rio de Janeiro e ainda se lembra com carinho da canção que marcou o fim do seu casamento.
Ela costuma ouvir diariamente a “sua” música no rádio do carro. É que uma emissora carioca parece estar programada para tocá-la todos os dias, às 11h. A ouvinte especial está sempre sintonizada. Eu falei em surpreendente porque no disco de 1981, Gil fez uma música chamada Flora que é o nome da sua atual mulher e que já naquela época era a sua musa, mas no disco de 1982 parece que ele teve uma recaída e ofereceu essa música (Drão) pra ex-amada. Sei não, mas tem mulher que é cega…
É Drão quem fala:
- “Nos separamos de comum acordo. O amor tinha se transformado em outra coisa. E a música fala exatamente dessa mudança, de um tipo de amor que vive, morre e renasce de outra maneira. Nosso amor nunca morreu, até hoje somos muito amigos. Com o passar do tempo a música foi me emocionando mais, fui refletindo sobre a letra. A poesia é um deslumbre, está ali nossa história, a cama de tatame, que adorávamos. No começo do casamento moramos um tempo com Dedé e Caetano, em Salvador, e dormíamos em tatame. Durante o exílio, em Londres, tivemos de dormir em cama normal. Mas, no Brasil, só tirei o tatame quando engravidei da Preta e o médico me proibiu, pela dificuldade em me levantar. A primeira vez em que ouvi Drão depois que Pedro, nosso filho, morreu (num acidente de carro em 1990, aos 19 anos) foi quando me emocionei mais. Com a morte dele a música passou a me tocar profundamente, acho que por causa da parte “os meninos são todos sãos”. Mas é uma música que ficou sendo de todos, mexe com todo mundo. Soube que a Preta, nossa filha, chora muito quando ouve Drão. Eu não sabia disso, e percebi que a separação deve ter sido marcante para meus filhos também. As pessoas me dizem que é a melhor música do Gil”.
Então, caros amigos, é isso aí. Dizem que Dominguinhos e Anastácia também fizeram “Sanfona Sentida” quando o romance deles chegou ao fim.
Para todos nós fica o exemplo dos artistas: quando o amor acaba, nada de brigas e nem de baixarias. Procuremos fazer uma música ou uma poesia, porque os poetas com certeza sabem amar melhor do que nós outros!
Na verdade, “Drão”, é uma história de amor, ou melhor, de uma separação. Contando-a, eu me transformo, sem querer, em advogado do nosso ex-ministro da Cultura, pra lhe salvar da burrice de gente como eu que não entende, às vezes, um poeta tão profundo!
Vamos aos fatos. A terceira mulher de Gil se chamava Sandra, apelidada desde menina de Sandrão, depois Drão. O porquê do apelido eu não sei. Os dois foram casados por 17 anos e tiveram três filhos: Pedro (músico, morto em acidente), Maria e Preta. Hoje, aos 55 anos, Sandra mora no Rio de Janeiro e ainda se lembra com carinho da canção que marcou o fim do seu casamento.
Ela costuma ouvir diariamente a “sua” música no rádio do carro. É que uma emissora carioca parece estar programada para tocá-la todos os dias, às 11h. A ouvinte especial está sempre sintonizada. Eu falei em surpreendente porque no disco de 1981, Gil fez uma música chamada Flora que é o nome da sua atual mulher e que já naquela época era a sua musa, mas no disco de 1982 parece que ele teve uma recaída e ofereceu essa música (Drão) pra ex-amada. Sei não, mas tem mulher que é cega…
É Drão quem fala:
- “Nos separamos de comum acordo. O amor tinha se transformado em outra coisa. E a música fala exatamente dessa mudança, de um tipo de amor que vive, morre e renasce de outra maneira. Nosso amor nunca morreu, até hoje somos muito amigos. Com o passar do tempo a música foi me emocionando mais, fui refletindo sobre a letra. A poesia é um deslumbre, está ali nossa história, a cama de tatame, que adorávamos. No começo do casamento moramos um tempo com Dedé e Caetano, em Salvador, e dormíamos em tatame. Durante o exílio, em Londres, tivemos de dormir em cama normal. Mas, no Brasil, só tirei o tatame quando engravidei da Preta e o médico me proibiu, pela dificuldade em me levantar. A primeira vez em que ouvi Drão depois que Pedro, nosso filho, morreu (num acidente de carro em 1990, aos 19 anos) foi quando me emocionei mais. Com a morte dele a música passou a me tocar profundamente, acho que por causa da parte “os meninos são todos sãos”. Mas é uma música que ficou sendo de todos, mexe com todo mundo. Soube que a Preta, nossa filha, chora muito quando ouve Drão. Eu não sabia disso, e percebi que a separação deve ter sido marcante para meus filhos também. As pessoas me dizem que é a melhor música do Gil”.
Então, caros amigos, é isso aí. Dizem que Dominguinhos e Anastácia também fizeram “Sanfona Sentida” quando o romance deles chegou ao fim.
Para todos nós fica o exemplo dos artistas: quando o amor acaba, nada de brigas e nem de baixarias. Procuremos fazer uma música ou uma poesia, porque os poetas com certeza sabem amar melhor do que nós outros!
Por hoje, fiquem com “Drão” de Gilberto Gil. Boa audição!
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